Uma coleção de erros: Retrato do Artista Quando Jovem, de James Joyce, por José Geraldo Vieira

Faz pouco mais de dois anos que comecei a aprender a ler direito. Antes, eu lia literatura desprezando os detalhes, procurando no enredo – e apenas no enredo – uma espécie de prazer emocional como o que sentimos assistindo a um filme de suspense policial, ou àquelas comédias românticas “água-com-açúcar”. Com a orientação do professor Francisco Escorsim, aprendi a fazer uma leitura mais atenta, utilizando a imaginação de modo a vivenciar a história, a entrar mesmo na pele dos personagens, terminando então a leitura com uma experiência adquirida, e não apenas com aquele prazer da tensão resolvida, do final feliz.

Mas, como eu disse, faz pouco tempo que comecei essa reeducação e, assim, ainda preciso fazer um bom esforço para ler corretamente, principalmente trechos mais complicados, cuja decifração às vezes me toma algum tempo. Quando o livro que estou lendo é uma tradução, uma olhada no texto original normalmente clarifica o sentido das frases mais difíceis. Acontece que, fazendo isso, às vezes acabo encontrando problemas na tradução. Foi assim que descobri a mutilação no “Lord Jim” de Mário Quintana e foi assim, também, que me deparei com vários erros na versão feita por José Geraldo Vieira de “Retrato do Artista Quando Jovem”, de James Joyce. Continue lendo “Uma coleção de erros: Retrato do Artista Quando Jovem, de James Joyce, por José Geraldo Vieira”

Achei muito esquisito quando li, na tradução de Guilherme da Silva Braga de “Dublinenses” (Editora L&PM, 2013), que o personagem Lenehan, do conto “Dois Galanteadores”, tinha apenas 20 anos. O narrador já nos tinha apresentado seu aspecto cansado, seus cabelos grisalhos e sua “rotundidade na cintura”. O desânimo e a preocupação revelados pelo personagem logo em seguida também não condizem com alguém tão jovem. Conferi no original e estava lá: Lenehan faria 31, e não 21, em novembro.

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